No dia 19 de agosto foi celebrado o Dia Nacional do Ator e em homenagem aqueles que a cada dia tentam manter a arte cênica viva, a Editora UEA recomenda o livro A inferência das tecnologias digitais nas narrativas teatrais do séc. XXI, escrito pela professora Gislaine Pozzetti e publicado no ano de 2021. Nesta obra, a autora apresenta como o Teatro se adaptou aos avanços tecnológicos no decorrer da história e quais possibilidades artísticas existem atualmente em uma sociedade que prefere as produções em tela em detrimento aos espetáculos em teatros.
Tendo em vista esse mundo globalizado, Pozzeti inicia as reflexões em seu livro quanto as tecnologias, o teatro e o homem: A reconfiguração do homem frente às inovações digitais aborda como os seres humanos convivem com as tecnologias e reconfiguram as formas de ser e existir a todo instante. O teatro e o entrelaçamento com as fronteiras disciplinares apresenta as transformações que os atores tiveram que passar por conta do advindo do cinema e como as técnicas de atuação se modificaram que, conforme a autora, passaram de interpretação para representação. A performance abrindo os caminhos para o teatro do século XXI expõe como as performances reconfiguram as formas de se expressar artisticamente. A autora exemplifica a época das vanguardas que exigiam uma arte mais rápida (dentre elas as produções cinematográficas) e a resistência dos artistas à mercantilização da arte e por meio de performances não planejadas previamente mantinham a essência das artes cênicas.
Continuando as reflexões presentes na obra, a autora adentra novos caminhos acerca do teatro e expõe em A hibridização do teatro com as tecnologias digitais acerca das mudanças nos valores estéticos e como o teatro precisa se apropriar desse novo ciberespaço para possibilitar uma nova forma de se concretizar na realidade e não se perca no tempo. Horizontes inesperados e Olhares sobre o mesmo objeto problematizam a inserção das tecnologias nas artes cênicas, não de maneira geral, mas levantam pontos a serem refletidos, tais quais, os lugares que o teatro por meio da tecnologia pode alcançar, o distanciamento do sentido de teatro ao se adaptar a tecnologia, sendo pensado se deveria ao invés de dar o mesmo nome (teatro) ou criar uma nova definição para as artes cênicas em tela, tendo em vista, um dos apontamentos, a distância entre ator/interação/público e a relação das produções “ao vivo” por meio dos meios digitais e como afetam as performances.
Pozzeti traz a análise dessa discussão que esteve em pauta no meio dos artistas cênicos, no tópico Repensando as constituintes teatrais,a autora discorda de tal debate e considera-o desnecessário, pois segundo ela, o teatro funciona como uma representação aumentada da realidade então se a sociedade se encontra imersa na tecnologia, o teatro deve fazer o mesmo e isso não muda sua essência pois apesar de se mudar ideias principiantes, o objetivo continua sendo o mesmo desde a época clássica.
Ela também apresenta como lidar com um público que não está na plateia. Eles estão ali (por meio dos aparelhos de comunicação digitais) ou não? Como lidar com um público que não vejo? No Paradigma da presença, Pozzeti comenta que eles estão presentes no ciberespaço e o papel do autor e dos artistas é reconfigurar os atos para uma nova realidade. Segundo ela, já se foi refletido sobre a presença do público nos meios digitais, então é apenas um novo desafio na performance lidar com esse público da tela, pois, conforme o Paradigma do espectador, não existe teatro sem público e nessa nova realidade quanto mais imerso o espectador for no espetáculo (digital ou não) mais suas perspectivas sobre a obra aumentarão, o que culmina no Paradigma do ator apontando que ele funciona como tradutor do texto do autor para o público, então ele tem que expandir suas transmissões sensórias, questionar a realidade e transformar a existência etc., utilizando para tal feito o Paradigma do cenário e do figurino que são os elementos essenciais no teatro e se adaptam conforme os avanços tecnológicos deixando de serem apenas acessórios e se tornando elementos necessários para o entendimento e desenvolvimento da produção teatral e o Paradigma da dramaturgia no meio digital que consiste na adaptação desse cenário pelo autor para o ciberespaço de maneira que o “interator” participe do desenvolvimento da narrativa em seus diversos nuance.
a proximidade digital é a realidade do nosso tempo que obriga a escritura dramática a sair do casulo em que esteve durante séculos. O ciberespaço é hoje a sala de ensaio (o espaço), o momento de trocas (o tempo), que cada vez mais reformulará o paradigma e as práticas da dramaturgia teatral (Pozzeti, 2021, p. 73-74).
Por fim, os dois últimos tópicos do livro são: Constituintes em processo e Considerações à guisa de encerramento,nos quais a autora abre possibilidades para novas discussões acerca da presença da tecnologia no teatro sem anular sua essência, afinal o teatro é a arte do presente e se a tecnologia está no nosso dia a dia, no teatro ela também vai estar. “Entendemos esses processos (a conciliação do teatro com as tecnologias) como uma ampliação de fronteiras e não como rupturas, pois observamos que os movimentos se caracterizam pela fluidez com que as novas tecnologias se misturam às antigas e engendram novos usos, novas poéticas, novas estéticas, num processo contínuo de mudança de formas” (Pozzeti, 2021, p. 37, grifo nosso).
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