Como proposta de leitura para o mês de julho, a Editora UEA apresenta o livro Uma estrela negra no teatro brasileiro: relações raciais e de gênero nas memórias de Ruth de Souza, escrito pelo professor doutor Julio Claudio da Silva. Nesta obra é exaltada a importância da atriz negra Ruth de Souza no contexto social brasileiro de 1945-1952 e reúne informações acerca do contexto político-cultural do Brasil no século XX.
O livro é dividido em duas partes, a primeira – Os primeiros anos das atuações de Ruth de Souza e do Teatro Experimental do Negro e a segunda – Arquivar, lembrar e esquecer. Na primeira parte, Julio Claudio apresenta os anos iniciais da atriz, especificamente no TEN (Teatro Experimental do Negro), enquanto a segunda é focada no “arquivamento” da vida e trabalho de Ruth de Souza.
Na introdução do livro, o autor busca explicar as motivações socioculturais que permeavam a sociedade brasileira na metade do século XX. Partindo do questionamento: “todos têm direitos políticos, mas todos quem?” (SILVA, 2017, p. 21), ele relaciona os conceitos de cidadania e escravidão, e como a exclusão política das pessoas escravizadas afetou o desenvolvimento da sociedade e a moldou a partir do paradigma escravagista, reverberando até os dias de hoje.
Após desenvolver uma breve contextualização da obra, Julio Claudio apresenta no primeiro capítulo da parte um, Gênero, memória, história e cultura afro-brasileira, uma discussão conceitual dos termos mencionados no título e, em seguida, traz depoimentos da atriz a respeito dos seus primeiros dias no TEN. Em um dos relatos coletados pelo autor, Ruth de Souza menciona quando foi ao cinema pela primeira vez, ainda criança e, conforme ela, aquele foi o momento em que surgiu o seu primeiro pensamento de ser atriz e como isso seria impossível devido ao contexto social do país nos anos 20. Foi por meio do TEN que Ruth obteve sua primeira oportunidade de atuação e, a partir dele, projeção na sua carreira.
No segundo capítulo, o escritor apresenta relatos de temas como: o Café Vermelhinho e as redes de sociabilidades; a passagem do teatro para o cinema e os estudos nos Estados Unidos. Nos depoimentos do capítulo, a atriz fala desses temas com trechos de periódicos e revistas em mãos, tais que estão presentes no seu acervo pessoal. Ao longo dos relatos, ela também faz comentários a respeito das questões raciais da época. O autor organizou essa parte em continuidade cronológica, começando pelo sonho de criança de Ruth, passando pelos seus anos no TEN até a sua consolidação como atriz, a Estrela Negra.
O terceiro capítulo, que inicia a segunda parte da obra, tem por título: Arquivamento de si e do Teatro Experimental do Negro. Aqui o professor destaca o processo de arquivamento da vida de Ruth por ela mesma, e como ao longo do tempo as coisas recordadas foram diminuindo. Neste capítulo, também é apresentado como ocorreu a consolidação do TEN e dos seus objetivos expressos naquela época. Além disso, é mostrado que a atriz Bibi Ferreira cedeu um espaço do Teatro Fênix para as apresentações do TEN após o vínculo com a UNE ter se encerrado.
O capítulo quatro, Histórias do teatro nos diálogos entre palco e plateia, começa com a indagação a respeito das possibilidades e dos limites de se ter um teatro negro nos anos 40. O autor utiliza como base para a resposta desse questionamento a cobertura da imprensa sobre algumas peças realizadas pelo TEN. Por fim, ele exalta e explana a importância do TEN não só para o Teatro, mas também em relação às questões sociais, políticas e culturais da população afro-brasileiro, fundando também o chamado “teatro folclórico brasileiro”.
No quinto capítulo, Uma grande atriz negra, o autor se dedica a recapitular a cronologia dos trabalhos realizados por Ruth de Souza, ou melhor, a cronologia de sua vida. Nele, fica claro detalhes da vida/carreira da atriz que não foram explanados nos capítulos anteriores. Este capítulo, em resumo, é uma forma de exaltar a importância de Ruth de Souza. Em seguida, ainda temos um capítulo final que o professor usa para fazer suas devidas explicações e motivações da realização desta magnífica obra, como a busca do questionamento levantado por ele: “são racializadas as relações sociais na sociedade brasileira?” (SILVA, 2017, p. 21).
A obra de Ruth Souza e o seu percurso pela vida podem ser facilmente confundidos. A importância da atriz para as futuras gerações afro-brasileiras é imensurável, o sonho de criança que se tornou realidade e inspirou diversas outras a seguirem seus passos, seja no Teatro ou Cinema, seja fazendo parte de movimentos sociais ou políticos. Além disso, é também uma obra interessantíssima para quem deseja conhecer aspectos da cultura e sociedade brasileira das décadas de 40, 50 e 60.
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