No geral, as principais cidades do mundo foram construídas nas proximidades de um rio. E, na Amazônia, não foi diferente, de maneira que vários núcleos urbanos foram sendo estabelecidos devido às posições estratégicas em que estão situados no entorno do rio Solimões. O livro Os flutuantes dos lagos urbanos do Solimões: dinâmica espacial e territorialidade flutuante, do professor Kristian Oliveira de Queiroz, esclarece a configuração em que se deu a criação dos lagos urbanos de Tefé e de Coari, bem como o desenvolvimento regional proporcionado pelas ocupações locais nesses lagos, os flutuantes.
Dividida em 4 capítulos, a obra aborda os vários aspectos relacionados às formas espaciais dos lagos urbanos e as dinâmicas dentro desse processo ocupacional. Nesse sentido, o primeiro capítulo, intitulado A valorização do território e os lagos urbanos do Solimões, aponta a importância que os lagos das regiões de Tefé e Coari possuem devido às atividades realizadas nesse espaço regional serem ligadas aos centros urbanos dessas cidades, estabelecendo significativas relações comerciais, propiciando, desta forma, o seu desenvolvimento local.
No capítulo seguinte, sob o título A dinâmica das formas espaciais flutuantes do lago urbano de Tefé, o autor, além de descrever a valorização espacial decorrente de seus contextos e funcionalidades sociais, históricas, culturais, políticas e econômicas, revela também, de maneira detalhada, o papel e o dinamismo resultante da presença dos flutuantes no lago urbano de Tefé, como a deslocação deles por motivos sociais, proporcionando melhor acesso dos moradores a esses espaços, e ressalta a importância das atividades comerciais que ali são realizadas visando o progresso nesse cenário fluvial.
No terceiro capítulo, O sistema espacial flutuante: das formas espaciais solidárias e hierárquicas, o autor retrata e identifica os processos e formas espaciais da comunidade flutuante do lago urbano de Tefé e os contextualiza historicamente com a organização da antiga cidade flutuante de Manaus e do lago urbano da cidade vizinha Coari. Caracteriza esses espaços de acordo com o desenvolvimento da área flutuante local, dinâmica comercial, aportes urbanos institucionais (serviços públicos de educação, saúde e segurança pública) e os configura em um sistema espacial flutuante solidário ou hierárquico predominante em cada região.
Por último, no quarto capítulo, Territorialidade flutuante e centralidade fluvial, o autor discorre sobre como a iniciativa privada e o Estado se mostram presentes nos mercados do Solimões possibilitando relações comerciais nesta localidade, bem como evidencia alguns flutuantes como representantes desses agentes na tentativa de exercer o controle e a gestão desses espaços fluviais. Também traz reflexões sobre as microterritorialidades onde grupos sociais como jovens, mulheres, homossexuais, travestis, negros também produzem a cidade, porque produzem espaços e formas culturais de convivências específicas nesse contexto local, e reproduzem também uma rede de interações em que estão envolvidos.
Em síntese, a obra Os flutuantes dos lagos urbanos do Solimões: dinâmica espacial e territorialidade flutuante revela a importância do papel dos flutuantes dos lagos urbanos de Tefé e Coari para o progresso da região e a sua integração territorial no Amazonas, assim como sua contribuição no que tange à formação desses espaços que moldam essas formas espaciais, logo, sua leitura é primordial para quem deseja se aprofundar nos estudos desses objetos geográficos ante o processo de globalização.
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Você pode acessá-lo nesse link: http://repositorioinstitucional.uea.edu.br//handle/riuea/3703 e baixá-lo gratuitamente.
Ótima resenha, resgata uma parte da história de nosso município (Manaus) e dos demais, e, nos faz ter um interesse maior dos assuntos de nossa região, ficou show.