Como homenagem ao Dia do Profissional de Letras, comemorado no dia 21 de maio, a obra escolhida deste mês é “A Fala Manauara: documentação e análise linguística dos fenômenos variáveis do português falado/escrito em Manaus”, organizada por Silvana Andrade Martins, Valteir Martins e Jussara Araújo, foi publicada em 2019 no formato físico e, em formato digital, em 2022. O exemplar tem como objetivo principal reunir onze estudos direcionados à linha de pesquisa “Documentação e Fala Manauara” e, dessa forma, contribuir para a disseminação do conhecimento a respeito dos aspectos do português falado em Manaus. Para isso, é constituído por três partes principais, sendo elas: Apresentação – Manaus e Projeto Fala Manauara (FAMAC); Análises Fonético-Fonológicas; Análises morfossintáticas e aspectos lexicais.
A seção introdutória é destinada a contextualizar a história de Manaus e do projeto FAMAC. Para isso, o autor Leandro Babilônia dedica o capítulo “Da aldeia à metrópole – apontamentos sociológicos para o estudo da língua portuguesa em Manaus” para explicar, de forma clara e concisa, a formação e desenvolvimento da cidade, ressaltando características relevantes como a miscigenação do povo. No capítulo seguinte, intitulado “A fala manauara – documentação e análise do português falado em Manaus” e escrito por Silvana Andrade Martins, Valteir Martins e Jussara Araújo, o processo de criação da FAMAC é explicitado, dividido em: Primeira Fase (2009-2012), Segunda Fase (2013-2015) e Terceira Fase (2016-2019). Além disso, destacam-se aspectos importantes como o Banco de Dados Digitais, desenvolvido com a finalidade de disponibilizar os registros dos inquéritos da fala manauara.
O segundo fragmento do livro é dividido em quatro capítulos. O primeiro deles, “O ® em coda silábica na fala manauara”, é segmentado em cinco tópicos. Os autores Heitor Picanço e Valteir Martins buscam realizar um estudo relacionado ao cancelamento do ® codal no falar manauara. A partir disso, expõe-se uma pesquisa baseada teórica e metodologicamente na Sociolinguística Variacionista. No decorrer dos tópicos, discute-se a variabilidade fonética; apresentam-se achados de pesquisas de estudos sociolinguísticos que investigam esse fenômeno na Língua Portuguesa Brasileira; disserta-se a respeito das abordagens teórico-metodológicos que fundamentam a análise e, no último tópico do capítulo, descrevem-se os resultados da pesquisa.
No segundo capítulo, intitulado “A realização da lateral alveolar /l/ na fala manauara – um estudo sociolinguístico variacionista”, Silvana Andrade Martins e Camilla dos Santos Evangelista apontam para uma pesquisa desenvolvida com o objetivo de investigar a realização fonética da lateral alveolar sonora /l/ seguida pela vogal alta /i/. O estudo é segmentado em três tópicos, sendo eles relacionados à revisão de conceitos que são pertinentes a essa discussão, à metodologia empregada para a coleta dos dados e à análise e discussão desses dados.
No próximo capítulo desse fragmento, denominado “Aspectos da nasalização de vogais na fala manauara”, a investigação científica realizada por Joyce Camila Martins e Valteir Martins se dedica a abordar os aspectos da nasalização de vogais na fala manauara. Para isso, inicialmente, os autores definem o conceito de som nasal e relacionam esse elemento com aspecto linguísticos, além de descrever a origem e a função das abordagens teóricas: Gerativismo e Estruturalismo. Com base nessa introdução, apresenta-se, no restante do texto, uma pesquisa sociolinguística que visa apontar a inter-relação observada entre as dinâmicas sociais e os padrões de variação e mudanças linguísticas.
O último capítulo do segundo fragmento, “A interferência dialetal na representação gráfica de fricativas na escrita de manauaras”, pretende, por meio de uma pesquisa de abordagem Sociolinguística, contribuir para a verificação da existência da interferência dialetal na representação gráfica de fricativas na escrita dos manauaras. Com esse intuito, Samantha Teixeira Vasconcelos e Silvana Andrade Martins apresentam o estudo em duas seções. A primeira parte introduz o aporte teórico da análise, descreve o percurso histórico e geográfico das variações fricativas no português brasileiro e discorre sobre a relação entre a fala e a escrita. Já na segunda seção, os detalhamentos metodológicos e os resultados da pesquisa são explicitados de maneira organizada e detalhada.
O terceiro fragmento, constituído por cinco capítulos, abrange estudos que tratam das análises morfossintáticas e aspectos lexicais. No primeiro capítulo, intitulado “Expressão de futuridade – uma análise de ocorrência do modo indicativo na expressão do (irrealis) na fala manauara, Nathalie Anne Conceição de Barros e Silvana Andrade Martins abordam os resultados do artigo de conclusão do curso de Licenciatura em Língua Portuguesa realizada por Barros (2015), sobre a ocorrência do pretérito imperfeito do indicativo na expressão do irrealis na fala manauara. Para isso, o estudo foi fundamentado nos pressupostos da Linguística Funcionalista e da Sociolinguística Variacionista. Ademais, os dados foram coletados a partir de perguntas direcionadas a possibilidades, para que o emprego da futuridade fosse promovido.
No segundo capítulo, denominado “A gradação da fala manauara – uma abordagem sociolinguística, o objetivo principal é analisar os mecanismos léxico-gramaticais empregados pelos falantes manauaras para expressarem a noção de gradação. A partir desse propósito, Luciana Serdeira de Holanda e Silvana Andrade Martins apresentam o conceito desse fenômeno e descrevem a perspectiva Sociolinguística da pesquisa. Na sequência, os dados e resultados obtidos são expostos e analisados, explicitando, também, os mecanismos de gradação implícitos e explícitos.
O terceiro capítulo, “As construções ir + estar + gerúndio na fala manauara”, é constituído por um estudo que tem como perspectiva investigar a ocorrência do gerúndio na expressão do futuro na diversidade do português manauara. Ana Augusta de Oliveira Simas e Silvana Andrade Martins dividem o estudo em três aspectos importantes para a compreensão da pesquisa: Conceitos sobre o Funcionalismo e a Sociologia Variacionista; Abordagem acerca do tratamento da forma nominal e construção ir + estar + gerúndio na visão de autores relevantes; Inserção de ir + estar + gerúndio como expressão de futuridade na fala manauara, além de explicitar as conclusões retiradas dessa investigação.
No próximo capítulo, intitulado “O futuro perifrástico em jornais” e desenvolvido por Jussara Araújo e Silvana Andrade Martins, apresentam-se os resultados obtidos na dissertação de mestrado de Araújo (2016), a qual buscou observar o futuro do pretérito em textos jornalísticos da década de 80 até o ano de 2014. A análise foi realizada por meio de fatores linguísticos e extralinguísticos e desenvolvida a partir de uma perspectiva Sociofuncionalista. Entre outras considerações, concluiu-se que a forma perifrástica de se expressar no futuro está presente há muitos anos dentro da esfera jornalística manauara.
“Tá no meu coração, tá no meu linguajar – um estudo do léxico regional presente na música popular amazonense” é o último capítulo do livro. As autoras, Mayara Diegra dos Santos Rocha Franco e Silvana Andrade Martins destinam esse item à descrição de um interessante trabalho voltado ao estudo da variante do português falado no Amazonas, tendo como ponto de partida dezesseis músicas que se encaixam na ideia de língua e cultura. Dessa forma, promoveram-se entrevistas com 18 manauaras com o objetivo de atribuir significado para palavras e expressões regionais. Posteriormente, 32 dessas palavras que não constavam no livro “O Amazonês” foram organizadas em um dicionário ilustrado.
Em conclusão, nota-se a relevância da obra para a disseminação do conhecimento presente nos estudos relacionados ao português falado em Manaus. O livro é recomendado aos estudiosos da Língua Portuguesa e, também, aos manauaras que têm interesse em entender a origem do seu português e suas especificidades.
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