Como proposta de leitura para o mês de setembro, a editora UEA apresenta a obra A fala manauara II: variação e ensino, organizada por Silvana Andrade Martins e Valteir Martins. Nela é destacada a continuidade das pesquisas feitas anteriormente sobre a fala manauara, fortalecendo, desse modo, os estudos sobre a diversidade do português falado na capital amazonense. O livro está dividido em duas partes principais, cada qual com cinco capítulos. Na primeira parte, destaca-se a fala dos manauaras, em que é analisada como as diferentes formas de falar revelam a identidade dessa comunidade. Na segunda parte, é abordado o ensino de português, na qual é proposto um ensino mais flexível e reflexivo, que leve em conta a diversidade linguística.
Escrito por Matheus de Oliveira Damacena e Silvana Andrade Martins, o primeiro capítulo traz Lexias e expressões idiomáticas da fala manauara: diversidade e compartilhamento de usos em território brasileiro, no qual os autores analisam como as expressões idiomáticas de Manaus se espalham e se transformam, contribuindo para o conhecimento sobre a diversidade linguística do Brasil e os processos de mudança linguística.
Em seguida, Luís Felipe Ribamar dos Santos, Naiana Araújo Santos Souza, Stephany Sofia Pimenta Veras e Silvana Andrade Martins abordam em Fala manauara e a presença do léxico indígena no linguajar cotidiano, uma pesquisa na qual se analisa a presença do léxico indígena no cotidiano manauara. Na referida pesquisa, foi constatado que os manauaras reconhecem a influência indígena na construção da fala e da cultura, contribuindo, dessa forma, com o fortalecimento dos idiomas nativos brasileiros.
O terceiro capítulo intitulado O imperativo e seu uso variável no linguajar da polícia militar de Manaus, foi escrito por Antônio Charles Alves de Araújo e Valteir Martins. A pesquisa dos autores analisou como os policiais militares de Manaus utilizam o imperativo verbal em suas abordagens, e conclui que tal uso está relacionado a diversos fatores, como a escolaridade, a alfabetização e o contexto social.
Ter e haver em telejornais manauaras: um estudo sociofuncionalista sobre as construções existenciais, redigido por Luis Fernando Pinheiro dos Santos e Silvana Andrade Martins, é investigada a presença da variação entre os verbos ter e haver com sentido de existir em construções existenciais no texto falado de apresentadores e repórteres de telejornais amazonenses, considerando fatores linguísticos, sociais e funcionais que condicionem o uso de uma variável em detrimento da outra.
No último capítulo da primeira parte do livro, sob o título Nós e a gente nas charges de jornal manauara, de Gabrielle Lifsitch Nogueira da Silva e Silvana Andrade Martins, é abordado o uso de “a gente” e “nós” como sujeitos de frases em charges do jornal A Crítica. No decorrer da leitura, constata-se, de acordo com as autoras, uma frequência significativa da variante “a gente”, muitas vezes superior ao uso da forma tradicional “nós”, contribuindo dessa forma, com a diminuição da carga de estigmatização entre os seus usuários.
Nesta segunda parte do livro, os autores, de modo geral, discorreram sobre a variação linguística e ensino do português. Nesse sentido, Isa Cristina Barroso Pereira e Silvana Andrade Martins iniciam o sexto capítulo sob o título Sujeito pronominal expresso e nulo em narrativas escolares, no qual verificam as ocorrências do Sujeito Pronominal de 1ª pessoa do singular no contexto da escrita, em que são comparadas entre as categorias preenchida e nula. E que as ocorrências dessas duas alternativas de representação no enunciado, dependerão de fatores linguísticos e sociais, variando de situação para situação.
Em Para mim ou para eu? uma proposta para um ensino de gramática variacionista, os autores Jorge Carlos Leal de Souza e Silvana Andrade Martins analisaram em uma sala de aula de uma escola da rede municipal o ensino gramatical aplicado sobre a construção do Dativo Com Infinitivo caracterizado sintaticamente por “para + mim + infinitivo”. Segundo os autores, os resultados das análises apontaram que o processo de regularização da construção, quanto à modalidade falada, da mudança de “eu” por “mim”, pode estar em estado avançado, devido aos compêndios gramaticais não darem conta dessa variedade de uso que se realiza nas diferentes situações de comunicação.
No oitavo capítulo, Concordância verbal numa perspectiva de ensino variacionista, Laura Rayssa Miranda Viana e Silvana Andrade Martins analisaram o impacto de um novo método de ensino de gramática na aprendizagem de alunos do 9º ano em uma escola pública de Manaus. Seu objetivo foi verificar se o uso de estratégias pedagógicas focadas na variação linguística e na compreensão das regras gramaticais poderia melhorar o aprendizado dos alunos em relação à concordância verbal.
Em seguida, no penúltimo capítulo escrito por Francine Pacheco Leite Barbosa e Silvana Andrade Martins, Neurolinguística aplicada à memorização ortográfica de palavras compostas, as autoras abordam a eficácia da Programação Neurolinguística (PNL) no ensino da ortografia de palavras compostas, em que poderia ou não ocorrer hífen de acordo com as regras ortográficas do português. Os resultados da pesquisa sugerem que a PNL pode ser uma boa opção, quando combinada com técnicas visuais, o ensino da ortografia, além de destacar a relevância de se explorar novas metodologias de ensino para melhorar o processo de aprendizagem dos alunos.
Por fim, no último capítulo intitulado A nova ortografia: da “descoberta” territorial à “conquista” do ideal ortográfico, de Jaircleisson Costa da Silva e Franklin Roosevelt Martins de Castro, foi realizada uma pesquisa na qual apresentaram um panorama histórico sobre o Português brasileiro durante o Brasil-colônia, e a questão do poder de se legislar sobre a língua portuguesa. O estudo objetivava a busca acerca da existência de uma língua genuinamente brasileira. Segundo os autores, após a Independência, coube aos poetas e escritores os ideais de uma língua realmente brasileira, por meio da introdução de elementos linguísticos comuns aos brasileiros, como a língua coloquial das ruas, das praças, do cotidiano etc. De forma geral, o capítulo explana a tensa relação referente à polarização luso-brasileira, devido ao Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa enquanto política linguística, ou seja, quem deve exercer o direito de legislar sobre a língua portuguesa, que é a causa de um constante conflito entre ambos os países.
As pesquisas apresentadas em A fala manauara II: variação e ensino trazem contribuições relevantes para quem deseja conhecer ou aprofundar seus conhecimentos sobre a variedade do português falado em Manaus e para docentes em seus ensinos gramaticais. Que a leitura dos estudos aqui reunidos fortaleça o conhecimento sobre a identidade linguística do manauara e traga subsídios para a prática docente no ensino de gramática do português, bem como contribua com futuras pesquisas e com a língua portuguesa brasileira como um instrumento de comunicação social diversificado e detentora de diferentes formas de uso da norma.
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