Ao longo da ribeira: um navegar pela Literatura Portuguesa

Para os interessados em Literatura Portuguesa, a segunda edição de Ao longo da ribeira: estudos de literatura portuguesa 2000-2010, de Mauricio Matos, é uma leitura essencial. Analisando as obras de autores de diversos períodos da escola portuguesa, o livro reúne artigos do professor Mauricio durante a primeira década dos anos 2000, revistos para essa segunda edição.

O título do livro remete diretamente ao autor Bernardim Ribeiro e sua obra homônima, que Mauricio Matos foi responsável por organizar e publicar no ano de 2010, em Lisboa, ao lado de Helder Macedo, além de a “ribeira” ser a Literatura Portuguesa pela qual ele caminha ao longo da vida. É preciso então começar pelo fim para contextualizar o livro. Assim, o último capítulo, “Ao longo da ribeira: romance de Bernardim Ribeiro, apresenta o poema editado por Mauricio Matos, feito a partir de duas versões existentes, buscando o melhor dos dois mundos.

Em “Investigação sobre a morte de Alberto Caeiro: Fernando Pessoa entre o mesmo e seu oposto, o autor expõe estudos a respeito de Fernando Pessoa e seu “ortônimo-Mestre” Alberto Caeiro. A metafísica de Pessoa, sua mistificação e ficcionalização são exploradas neste capítulo, fazendo ligações a autores como: Freud, Nietzsche, Aleister Crowley, Rimbaud e alguns outros. Conceitos como “Verdade”, “Felicidade”, “Além” e “Aqui”, entre vários outros, são discorridos por Mauricio Matos.

O capítulo “O verdadeiro senhor dos arquivos” explora estudos sobre o autor José Saramago, especificamente de sua obra Todos os nomes. Após uma breve explicação a respeito do nome da obra e seu contexto, o autor faz uma análise comparativa do personagem Sr. José com a crônica “E agora, José?”, inspirada em um poema de Carlos Drummond de Andrade.

O poder do gesto em Fernando Lemos” é um capítulo dedicado ao poeta, fotógrafo e artista plástico Fernando Lemos, que nasceu em Portugal e se exilou no Brasil. Lemos inaugurou suas primeiras exposições no evento de Exposição da Casa Jalco, que de imediato causou escândalo às comunidades intelectuais de Lisboa, fazendo o autor português ser exilado do regime salazarista. No Brasil, foi um dos principais pilares da oposição à ditadura de Salazar. É na fotografia a arte em que ele mais se destaca e é a que mais chama a atenção de Mauricio, com alguns outros expoentes na poesia.

Em Cancioneirito de Ferrara (1554): edição, estudo preliminar e notas, Mauricio Matos ilustra uma série de estudos a respeito da autoria do “cancioneirito”. Os supostos autores do cancioneirito vivenciaram a formação da literatura portuguesa junto com Camões. Matos ainda aponta a dificuldade que é ler os poemas da época e suas adaptações pelo escasso uso da pontuação e escrita divergente de autor para autor.

Resumindo, Ao longo da ribeira: estudos de literatura portuguesa 2000-2010 é uma obra vasta para aqueles que querem se aventurar pela literatura portuguesa. Os estudos apresentados por Mauricio abordam temas peculiares de cada época, e, com certeza, conseguirão cativar o leitor a buscar não somente o que é proposto, mas também a investigar mais a fundo as obras por detrás desses grandes autores.

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Para ler a obra, você pode acessá-la e baixá-la de forma gratuita: http://repositorioinstitucional.uea.edu.br/handle/riuea/3779

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